Uma equipe de médicos e cientistas europeus reconstituíram, por meio de células tronco transgênicas, a pele de um garoto sírio de sete anos que sofre de epidermólise bolhosa juncional (EBJ), um problema genético raro. O garoto deu entrada no hospital pediátrico da Universidade de Ruhr, na Alemanha, em junho de 2015, com 60% da superfície do corpo exposta e infeccionada. O artigo científico que relatou a pesquisa e o procedimento no menino sírio foi publicado na Nature.
De acordo com estatísticas, a doença EBJ afeta cerca de 500 mil pessoas em todo o mundo. A principal consequência da doença é a frágil adesão da camada superficial da pele (epiderme) à camada intermediária, a derme, causando bolhas e feridas frequentes, nos casos menos graves, e descolamento de extensões de pele nos casos mais graves, levando a vítima a graves infecções. Nos casos menos graves é possível levar uma vida normal, evitando cortes e arranhões.
De acordo com a pesquisa publicada, 40% das pessoas que sofrem com EBJ são jovens, e morrem antes do final da adolescência.
Foram testadas formas de tratamento tradicionais no garoto, que incluíram enxerto fornecido pelo pai, mas o corpo não apresentou reações. Alguns meses após a internação, seu estado piorou, chegando a ficar com apenas 20% da cobertura do corpo resistindo. O garoto passava o dia sob efeito de analgésicos fortes.
Com isso, a equipe médica responsável pelo caso convidou um grupo de cientistas italianos, da Universidade de Modena, para ajudar. Os cientistas estudavam um método promissor de regeneração da pele por meio de células tronco, mas ainda não haviam testado.
A ideia se baseia em pegar uma célula-tronco de pele intacta, de uma área do corpo do paciente que não foi afetada, e usar um vírus especial para infectá-la, desse modo, corrigindo a mutação no gene LAMB3, responsável pela doença. Depois de curada, essa célula se multiplicará, dando origem a grandes pedaços de pele saudável, que então poderão ser implantados no corpo do paciente.
O implante foi um sucesso! Com 21 meses de acompanhamento, a pele nova, que no começo tinha a aparência de uma colcha de retalhos, se aderiu às extensas feridas no corpo. O garoto foi liberado em fevereiro de 2016, e não relatou mais problemas com bolhas ou descolamento. Ainda de acordo com o artigo científico publicado, depois que voltou para casa, o garoto já se cortou algumas vezes e os ferimentos se cicatrizaram normalmente, como os de uma pessoa saudável!
Michele de Luca, líder da equipe italiana, explicou que “uma vez que a epiderme tenha sido regenerada, as células tronco [naturalmente presentes na pele] continuam renovando o tecido como ocorre em uma pessoa normal. Todas as informações que nós temos indicam que a situação do paciente se manterá estável.
Essa é uma das primeiras vezes em que células-tronco e terapia genética se uniram em um só problema. A evolução dessas técnicas foi utilizada em pouquíssimas doenças.
É um marco histórico para a medicina regenerativa e uma grande esperança para as pessoas que sofrem da doença!
Com informações Revista Super Interessante
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