Uma nova pesquisa realizada por pesquisadores do Hospital da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e publicada na última quarta-feira (06) no periódico The New England Journal of Medicine reascendeu o debate sobre os riscos do contraceptivo hormonal, pois mostrou que o anticoncepcional aumenta em cerca de 20% as chances de câncer de mama.
A pesquisa contou com o acompanhamento de 1,8 milhão de mulheres dinamarquesas com idade entre 15 e 49 anos que não tinham câncer, coágulos nas veias, nem tivessem feito tratamento para infertilidade. As mulheres foram acompanhadas por cerca de 11 anos. O estudo revelou que quanto mais tempo os produtos forem usados, maior o risco de desenvolver a doença.
De acordo com os resultados, o uso de menos por um ano de anticoncepcionais baseados em hormônios – sob a forma de pílula, implante, adesivo, DIU ou anel vaginal- elevou em 9% o risco. Contudo, com 10 anos de uso, o risco subiu para 38%. É importante ressaltar que o risco geral de câncer de mama nas mulheres, comparando com a maioria dos cânceres, é relativamente raro entre as mais jovens.
Os pesquisadores concluíram que o risco continua aumentado mesmo após a descontinuação do uso do medicamento em mulheres que utilizaram o produto de forma contínua por mais de cinco anos. Por outro lado, naquelas que usaram contraceptivos hormonais por períodos curtos, o risco desapareceu rapidamente após a descontinuação.
“Há muitas coisas a ter em conta ao decidir que tipo de contracepção usar. A contracepção em si é um benefício, é claro, mas este estudo indica que vale a pena considerar uma alternativa à contracepção hormonal, como o dispositivo intrauterino de cobre ou métodos de barreira, como preservativos”, disse Lina Morch, principal pesquisadora do estudo, à Reuters.
“Não há necessidade de entrar em pânico com base nesses resultados. Não queremos que as mulheres deixem a contracepção sem ter algo diferente para recorrer. E existem alternativas”, afirma Morch.
Outros fatores também devem ser considerados, como a idade e o histórico familiar. O estudo considerou gravidez e riscos herdados geneticamente, mas fatores como atividade física, amamentação e consumo de álcool, por exemplo, ficaram de fora. E estes, também aumentam o risco do câncer de mama.
Em um editorial sobre o estudo, David Hunter, professor de epidemiologia e medicina na Universidade de Oxford, na Inglaterra, afirmou que “a busca de um anticoncepcional oral que não eleva o risco de câncer de mama precisa continuar”. De acordo com ele, apesar do aumento de 20% do risco entre mulheres, as taxas de incidência de câncer de mama entre as mais jovens são muito baixas.
Segundo ele, em mulheres com menos de 35 anos, tomar um contraceptivo hormonal por menos de um ano adicionou apenas um novo caso de câncer de mama para cada 50.000 mulheres, ou seja, isso é muito raro.
Ele acrescenta que a influência de um longo histórico usando esse tipo de contracepção também parece se tornar menos significativa nas mulheres na pós-menopausa – com idade entre 50 e 70 anos – quando o risco de obter a doença aumenta significativamente.
Hunter ainda finaliza que: “além do fato de que eles fornecem um meio eficaz de contracepção e beneficiam mulheres com cólicas menstruais ou sangramentos anormais, o uso de contraceptivos orais está associado a reduções substanciais nos riscos de câncer de ovário, endométrio e colorretal mais tarde na vida. Na verdade, alguns cálculos sugerem que o efeito líquido do uso de anticoncepcionais orais por 5 anos ou mais é uma ligeira redução no risco total de câncer.”
Com informações UOL e Veja.
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