Sensações como a de sentir o coração disparar antes de uma apresentação importante, ou a de suar frio antes de uma entrevista de emprego são exemplos de sintomas normais de ansiedade, e que acontecem na nossa rotina, muitas vezes intensa e corrida. E sentir isso, de vez em quando, é normal. Entretanto, quando essa sensação de ansiedade pode estar passando dos limites?
Quando passamos a ter problemas físicos e emocionais e perdas funcionais, como não conseguir trabalhar da maneira habitual, por exemplo, produzindo menos, ou não conseguir ter mais uma sensação de vida plena e de realização de suas potencialidades, é sinal de que a ansiedade está saindo do limite, é o que afirma o médico psiquiatra e professor do departamento de psicologia médica e psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Amilton dos Santos Junior, que aponta como sinais de quando a ansiedade passa a ser um problema.
Ou seja, quando a sensação de ansiedade ocorre de forma desproporcional ao problema que é apresentado, e com sintomas que se demoram por mais tempo (normalmente mais de seis meses), já pode ser um sinal de alguma patologia. No entanto, apenas um psiquiatra pode dar o diagnóstico final de um transtorno de ansiedade. Se você desconfia do problema, procure por uma consulta e divida com o médico o que você sente.
Olhando sobre a evolução das espécies, o especialista exemplifica que a ansiedade é importante tanto para os predadores quanto para as presas: “na lei da selva, você tem que estar o tempo todo ligado para fugir de um possível predador, se você é, no caso, a presa. E se é o predador você também tem que estar o tempo todo ligado para conseguir um alimento, senão você morre de fome”, afirma.
Esse mecanismo de defesa é o que garantiu que as espécies sobrevivessem, pontua ele. Hoje em dia, porém, o homem vive em um ambiente que, teoricamente, proporciona muito mais segurança do que quando o ser humano não vivia em civilizações, mas, no dia a dia, os disparos ainda acontecem.
Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Programa de Ansiedade do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), analisa que, independente da situação, o sentimento de pânico e a reação de fuga é o que gera as situações de ansiedade. Por exemplo, estar em um prédio em chamas faz com que o seu organismo dispare uma reação de alarme, o coração acelera e a pessoa começa a correr em busca de sobrevivência. Essa mesma reação pode ocorrer, por exemplo, ao assistir a uma partida de futebol clássica em que seu time está ganhando do maior rival. A questão é quando esse tipo de reação ocorre de forma desproporcional e por um longo período de tempo, gerando sintomas físicos também.
A ansiedade patológica pode se manifestar de diversas formas. Separamos as mais comuns:
– Fobias: elas fazem parte do grande grupo dos transtornos ansiosos, com uma diferença: tem a característica de que o indivíduo consegue localizar aquilo que gera o desconforto. Quem tem medo de ratos, por exemplo, se colocado em um ambiente cheio deles, poderá desencadear uma crise de pânico.
– Transtorno de pânico: é um quadro em que a pessoa é tomada por ataques de medo súbitos, em que começa a ter taquicardia, sudorese, ondas de frio e calor, sensação de falta de ar, de opressão ou aperto no peito, mal-estar gástrico, vômitos, diarreia, vertigens e tonturas. Pode ainda ter a sensação de morte ou tragédia iminente.
– Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): é caracterizado por uma preocupação excessiva sobre situações rotineiras, mas, que a pessoa sempre antecipa com finais catastróficos. “A pessoa vai dormir com a sensação que algo vai dar muito errado. Muitas vezes, ele nem sabe o porquê mas ele tem essa sensação: preocupações realistas ou excessivas, mas, principalmente incontroláveis. O TAG é acompanhado de sensações físicas como tensão muscular e os mesmos sintomas do transtorno do pânico só que em ondas não em crises.
Consumir pouco ou nenhum álcool, não utilizar tabaco, fazer exercícios físicos moderados ou intensos com regularidade, ter uma alimentação equilibrada, meditação e boas noites de sono são os melhores hábitos para uma vida mais tranquila e equilibrada.
Em casos de ansiedade crônica e que colocam em risco a estabilidade emocional, a orientação é procurar ajuda especializada, como um psicólogo ou um psiquiatra, passando por uma análise do profissional.
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Com informações VivaBem – UOL
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