A medicina é uma ciência que está em constante transformação. Os tratamentos evoluem, novas drogas aparecem e sempre o beneficiado é o paciente. A urologia, mais especificamente o tratamento das neoplasias urológicas, tem destaque nesse contexto e chegou a vez desta evolução com o câncer de próstata e a sua nova graduação.
A produção científica no campo da urologia é muito grande e tem destaque na comunidade médica. Urologistas, oncologistas, tem juntado esforços para entender melhor a dinâmica do câncer urológico.
O câncer de próstata é o assunto mais abordado nos últimos anos e vem sofrendo constantes transformações. Isso considerando tanto as opções terapêuticas quanto no seu diagnóstico e seguimento.
Sabemos que todos os homens com mais de 55 anos devem fazer consultas regulares com seu urologista e tentar, através de exames periódicos de sangue e clínicos, a detecção precoce da neoplasia prostática. A neoplasia da próstata está diretamente relacionada com a idade.
Mais de 70% dos homens acima dos 80 anos podem ter câncer de próstata. Além disso, o fator familiar tem um peso muito grande nesse contexto. Pessoas que tem familiares de primeiro grau com câncer de próstata tem aumentos significativos no seu risco de desenvolver a doença, justificando assim a indicação de exames preventivos mais precoces.
Entretanto a neoplasia da próstata é indolente, ou seja, tem taxas de crescimento pequenas quando comparadas a outros tipos de tumores. Tanto é verdade que há uma corrente de especialistas que no primeiro diagnóstico de tumores de baixo grau tendem a “observar” o comportamento da neoplasia para depois tomar uma conduta, muitas vezes mais conservadora.
O câncer de próstata é diagnosticado por um médico patologista. A classificação do tumor é baseada em na escala de Gleason. Donald Gleason foi um patologista americano da Universidade de Indiana que na década de 70 começou a observar o comportamento das neoplasias prostáticas.
Ele percebeu que tumores que tem comportamentos agressivos tem menos formação de glândulas, ou seja, são menos diferenciados (menos parecidos com o tecido original). Ele agrupou a diferenciação tumoral em 5 níveis (1,2,3,4 ou 5). Sendo o grau 1 o tumor mais parecido com o tecido normal e o grau 5 menos parecido e com pior prognóstico.
O médico patologista deve avaliar por ordem de frequência os dois níveis mais predominantes. A somatória desses dois grupos dá o Escore de Gleason. O Escore de Gleason pode variar de 2 a 10. Quanto maior o Escore de Gleason pior são as características daquela neoplasia.
Desde então, o Escore de Gleason foi objeto de milhares de estudos. O Escore de Gleason está submetido ao ISUP (International Society of Urologic Pathology), um grupo de experts no assunto que se reúnem a cada 10 anos para discutirem mudanças, observações e tendências acerca do Escore de Gleason e dos tumores de próstata.
Sabemos que tumores que tem o Escore de Gleason 6 tem comportamento indolente, com taxas e crescimento pequenas e pouca capacidade de formar metástases. Mas como explicar ao seu paciente que “se o Escore vai de 2 a 10, como meu tumor que tem escore 6 terá um comportamento melhor?”. “Já estou no meio do caminho doutor!” qualquer um poderia ter essa indagação.
Com o objetivo de diminuir esta angustia a ISUP em reunião realizada em Outubro de 2014, em Chicago fez uma nova proposta. Uma conferência de médicos urologistas, patologistas, radiologista se reuniram na tentativa de tentar diminuir a ansiedade dos pacientes e facilitar a explicação que os médicos darão aos seus pacientes e familiares.
Um estudo observacional realizado no Hospital Johns Hopkins nos Estados Unidos, separou em grupos os pacientes que tem Escore de Gleason 6, 7, 8, 9 e 10. Esses grupos ganharam um novo rótulo, o ISUP 1,2,3,4 e 5. Foi observado que pacientes que tem o grau ISUP-1 tem neoplasias com comportamentos “benignos” enquanto que neoplasias com o grau ISUP-5 tem piores prognósticos, taxas de sobrevidas piores e demandam atitudes mais drásticas.
Com essa nova classificação a comunidade médica terá melhores possibilidades para explicar ao seu paciente pontos importantes. Exemplos destes pontos são assuntos como a neoplasia se comportará e quais as opções o paciente e seus familiares poderão ter.
Assim dessa forma a comunicação será mais adequada, mais direta e de mais fácil entendimento. Em um momento tão tenso quanto uma consulta de informe de um diagnóstico de câncer, esta tratativa é muito importante.
Pacientes que tem o grau de ISUP-1 podem ser informados de forma mais prática que a sua neoplasia é mais indolente e ele grandes chances de cura, inclusive em alguns casos selecionados ele pode, após discutir com o seu médico e sua família, escolher por opções terapêuticas mais conservadoras.
Esta é mais uma novidade acerca do câncer de próstata e logo pacientes e médicos terão a sua disposição mais uma arma para o entendimento desta neoplasia tão comum. As possibilidades são infinitas e a produção científica irá crescer exponencialmente nos próximos anos.
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