O composto químico PPIs – não muito conhecido, mas princípio ativo de grande parte de remédios que combatem gastrite, refluxo e úlceras, como, por exemplo, o omeprazol, têm, de acordo com um estudo, 2,4 vezes mais chances de desenvolver câncer no estômago. A pesquisa foi realizada recentemente por pesquisadores da Universidade de Hong Kong e foi divulgado em artigo científico.
A sigla “PPI” – em inglês, que significa inibidores da bomba de prótons, age na diminuição da produção de ácido pelas paredes do estômago. Uma estimativa revelou que cerca de 40% da população adulta sofra ou já tenha sofrido com refluxo gastroesofágico, o que tornou o omeprazol o medicamento mais vendido do mundo no final da década de 1990.
Com tanto sucesso e também muita crítica, o omeprazol foi alvo de muita investigação científica. Em pesquisas antigas, relações entre o consumo prolongado do medicamento e o câncer de estômago já haviam aparecido, entretanto, uma bactéria de nome científico Helicobacter pylori, que habita o estômago, poderia ser tão culpada por incentivar o aparecimento de tumores quanto a droga.
O médico Ka Shing Cheung, que conduziu o estudo, e sua equipe analisaram a evolução do estado clínico de 63,4 mil cidadãos de Hong Kong, todos com prescrições para uso prolongado do antiácido entre 2003 e 2012. Além disso, também tomaram antibióticos para eliminar a bactéria H. pylori.
Uma parte do grupo usou drogas PPI, como o omeprazol. Já a outra parte consumiu anti-histamínicos H2, medicamentos que são menos eficazes, mas que possuem a mesma função. No final do estudo, 153 pessoas tinham desenvolvido câncer no estômago.
Como a bactéria estava fora da jogada, já que foi tratada, o resultado não recebeu influências. Os efeitos colaterais com o uso de drogas com outros princípios ativos também foram comparados, já que um grupo de pessoas não tomou o omeprazou.
No resultado, os pacientes que consumiam omeprazol diariamente tiveram câncer com frequência quatro vezes maior que os usuários semanais do medicamento. Já as pessoas que utilizaram a droga por mais de um ano, apresentaram cinco vezes mais chances de desenvolver a doença e, de três anos em diante, oito vezes. Em média, o consumo de PPIs aumentou duas vezes e meia o risco do paciente sofrer com um tumor em longo prazo.
Vale ressaltar que o estudo é estatístico: não foi encontrada uma resposta ou um agente químico que explique por que, na prática, drogas como omeprazol podem desencadear o problema.
Com a grande análise, não foram consideradas variáveis específicas, como o consumo de álcool e tabaco. Ou seja: mesmo que os números – combinados à longa lista de estudos já disponíveis sobre os riscos dos PPIs – deem força à associação, você não deve parar de usar o medicamento. Muitas pesquisas ainda serão realizadas!
“Há uma clara relação entre o tamanho da dose e o consumo da dose de PPIs e o risco de câncer no estômago. Os médicos devem tomar cuidado ao prescrever medicamentos com PPIs para os pacientes, mesmo após a erradicação da H. pylori.”, consta no artigo científico.
Com informações Revista Super Interessante
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