Todos entendemos que a insuficiência cardíaca é uma doença grave e com alta taxa de mortalidade. A discussão que desejo levantar é baseada em 3 IMPORTANTES TÓPICOS aqui pontuados a fim de despertar entre nós alguns questionamentos que possam ajudar na reflexão sobre a missão de combatermos com mais ênfase esta grave e frequente doença que ainda continua tendo pior prognóstico que a maior parte de tipos de câncer.
A IC NÃO É UMA DOENÇA ESTÁVEL, MESMO O PACIENTE ESTANDO COM OS SINTOMAS DE ESTABILIDADE. PACIENTES SEM SINTOMAS OU POUCOS SINTOMÁTICOS PODEM APRESENTAR DESFECHOS DESFAVORÁVEIS DA CURVA NATURAL DA DOENÇA. PACIENTES HOSPITALIZADOS PELA PRIMEIRA VEZ OU CONSECUTIVAMENTE, TEM PIOR PROGNÓSTICO.
Embora tenham sido feitos progressos recentes no controle dos sintomas da insuficiência cardíaca e da qualidade de vida dos pacientes com IC, a mortalidade absoluta de aproximadamente 50% ao longo dos 5 anos após o diagnóstico, permanece praticamente inalterada durante as últimas décadas (Yancey CW, Jessup M, Bozkurt B, et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure. J Am Coll Cardiol 2013;62: e147–239).
Igualmente refletindo a gravidade e também o alto custo da doença, internam mais de milhão de pacientes por piora da insuficiência cardíaca anualmente nos EUA e na Europa. Essas internações estão associadas a um risco de mortalidade próximo a 30% dentro de um ano pós-alta, não tendo acontecido nenhuma mudança importante nesta trajetória em mais de duas décadas. (Chen J, Normand SL, Wang Y, Krumholz HM. National and regional trends in heart failure hospitalization and mortality rates for Medicare beneficiaries,1998–2008. JAMA 2011;306:1669–1678)
Estes fatos ligados ao péssimo prognóstico, estão relacionados em parte, a complexa e incompleta definição do conhecimento da fisiopatologia da doença, o que faz com que seu tratamento continue sendo desafiador.
Nos últimos anos tivemos melhor compreensão da fisiopatologia da doença e já somos capazes de com o tratamento, não somente obter a melhora nos sintomas, mas também o estabelecimento do aprimoramento do prognóstico e consequente o maior tempo de vida dos pacientes, reduzindo cada vez mais esta esta triste taxa de internação e mortalidade que ainda prevalece, apesar da melhora alcançada no tratamento dos sintomas da doença.
Devido a isto, a abordagem moderna do tratamento da IC, nos leva a uma conduta que podemos atualmente chamar de TRATAMENTO NÃO EXCLUSIVAMENTE BASEADO EM SINTOMAS. (Javed Butler1*, Mihai Gheorghiade2, and Marco Metra. Moving away from symptoms-based heart failure treatment: misperceptions and real risks for patients with heart failure: European Journal of Heart Failure (2016) 18, 350–352).
O que anteriormente se baseava no entendimento de uma resposta por ativação neuro-hormonal isolada, hoje sabemos que existem outros fatores envolvidos já conhecidos. A partir do momento da agressão miocárdica, seja ela de causa isquêmica, hipertensiva ou outra causa qualquer, inicia-se o que já chamamos de SUPER-ATIVAÇÃO NEURO-HORMONAL SISTÊMICA.
Ou seja, vários fatores envolvidos além do sistema simpático e sistema renina-angitensina-aldosterona, temos o sistema peptídeo natriurético, hormônios endoteliais (prostaciclina, prostaglandina e óxido nítrico), além de fatores relacionados ao genótipo e outros marcadores da doença que ainda não são totalmente conhecidos. (Kemp & Conte. Cardiovascular Pathology 2012;365–71; Schrier & Abraham. N Engl J Med 2009;341:577–85).
Portanto, toda esta complexa fisiopatologia da IC nos leva a ter maior dificuldade no reconhecimento e controle dos sinais e sintomas da doença, além de sua evolução e mortalidade, nos fazendo levantar a necessidade de discussão dos três tópicos acima apontados.
É profissional de saúde e quer aprender sobre doenças na prática?
Acesse: www.paciente360.com.br e aprenda com atendendo pacientes reais!
Texto publicado originalmente no blog Paciente 360. Direitos autorais reservados a Paciente 360