Uma equipe de pesquisadores da Universidade Stanford anunciou no início de fevereiro uma nova terapia contra o câncer que, em testes com ratinhos de laboratório, eliminou tumores (e metástase) em vários órgãos, com 96% de eficiência, entre eles: linfoma, melanoma, câncer de mama e câncer colorretal.
O próximo passo é, então, os testes com seres humanos. E eles começaram: de acordo com o San Francisco Chronicle, Ronald Levy, o oncologista responsável pelo artigo científico, já está convocando voluntários com linfoma nos estágios iniciais para participar dos primeiros experimentos. A previsão mais otimista é que, até o final de 2018, os 35 pacientes que passarem pela seleção sejam submetidos a duas baterias de testes.
“As drogas que vamos injetar já são fabricadas por empresas diferentes e já são consideradas seguras”, afirmou o Levy. “É a combinação que estamos testando.” Com isso, a aprovação de aplicação do processo em seres humanos por agências reguladoras e comitês de ética foi acelerada.
O método de Levy se difere de abordagens mais conhecidas como a quimioterapia e a radioterapia, já que é classificado como uma imunoterapia: um conjunto de tratamentos contra o câncer que estimulam as células de defesa do paciente a atacar o tumor, ou seja, nosso sistema imunológico é capaz de detectar as proteínas estranhas produzidas pelas células cancerígenas, mas não consegue reagir porque o tumor tem uma cartola de truques bioquímicos para desarmar os leucócitos. Eles ficam inativos.
Uma das maneiras de contornar o problema é extrair os leucócitos (também conhecidos como glóbulos brancos) do paciente, usar engenharia genética para editá-los em laboratório e depois injetá-los de volta no corpo. Outra envolve ativar o sistema imunológico inteiro, o que pode gerar efeitos colaterais graves.
O truque de Levy usa essas duas abordagens: ativa só as células de defesa que já estão próximas do tumor, com remédios. “Todos esses avanços da imunoterapia estão mudando a prática médica”, afirmou o oncologista, concluindo: “mas a nossa abordagem não exige a ativação completa do sistema imunológico nem a customização das células imunes do paciente. Nós aplicamos quantidades muito pequenas de dois agentes uma única vez, e eles estimulam só os leucócitos que já estão dentro do tumor [atraídos por suas proteínas].”
Depois da ativação dos glóbulos brancos pela combinação de drogas criada por Levy, eles destroem o tumor principal e usam a assinatura proteica das células mutantes para caçá-las por todo o organismo, destruindo as metástases (“filiais” do câncer que aparecem em outros pontos do corpo e são difíceis de combater com cirurgias tradicionais).
As outras imunoterapias mencionadas já são usadas na prática. O hospital universitário da Universidade da Califórnia, por exemplo, no caso de pacientes com linfoma que não reagiram bem a outros métodos, utiliza a versão que usa edição genética (chamada tecnicamente de CAR-T) como terceira opção.
Mas, só os medicamentos saem meio milhão de dólares, mas as taxas de sobrevivência vão de 10% para 60%. O método de Levy tem potencial para melhorar ainda mais essa marca!
Com informações Revista Super Interessante