Informações erradas sobre cuidados em terapias de câncer podem prejudicar o tratamento de pacientes com a doença, e além disso, também podem gerar efeitos psicológicos sérios como “achar que determinado alimento pode fazer o câncer evoluir ou reduzir a chance de cura, causando medo e culpa”, é o que alerta a nutricionista do Instituto Nacional do Câncer, que em cartilha, esclarece sobre essas e outras informações falsas.
A grande necessidade do esclarecimento desses mitos motivou a nutricionista e outros especialistas do instituto a elaborar uma cartilha sobre o que é verdade ou mentira quando o assunto é dieta e câncer. O documento foi publicado em janeiro de 2019 e o Blog Rais trouxe as informações para você acompanhar.
Conheça os boatos desbancados pelo Inca e entenda por que eles não têm fundamento:
1. “Carboidratos alimentam o tumor”
Essa afirmação até que tem um fundo de verdade, mas vamos esclarecer: todo carboidrato que comemos, seja o do pãozinho francês no café da manhã ou o arroz integral no almoço, se transformam em glicose no nosso organismo. A função da glicose é fornecer energia para as células do nosso organismo funcionarem – inclusive, aí, as malignas. O que acontece é que, como essas células se multiplicam em alta velocidade, elas acabam consumindo muito mais glicose do que as outras células.
Entretanto, isso não significa que tirar o cardápio da dieta seja uma solução…. A nutricionista Gabriela explica que, ao parar de consumir o macronutriente (os carboidratos), nosso organismo encontra outros meios para obter glicose.. como por exemplo, usando proteínas que formam os músculos. E o que acontece, o resultado é que além do emagrecimento, há uma perda grande de massa muscular, o que gera um problema para quem busca se curar de um câncer.
Em um preparação para cirurgia, por exemplo, é essencial que o corpo tenha uma boa resposta imunológica e inflamatória, e os músculos produzem proteínas que garantem essa reação. Já no caso da quimioterapia, quanto mais massa magra, melhor será a absorção dos medicamentos. Isso porque a maioria dos quimioterápicos é metabolizada em tecidos com maior quantidade de água, que é o caso dos músculos. “Uma pessoa com pouca massa muscular vai ter mais droga livre circulando no organismo e, consequentemente, mais efeitos colaterais”, explica Gabriela.
Com isso, portanto, o melhor jeito de consumir carboidratos durante o tratamento é priorizar aqueles que vêm de alimentos frescos, como é o caso de frutas, de verduras, de grãos e cereais. O que você deve cortar são os itens abarrotados de açúcar e pobres em nutrientes – que podemos citar o caso dos salgadinhos, dos biscoitos recheados e de outros produtos ultraprocessados. Esses não fazem bem para ninguém!
Por outro lado…
2. “Sua quimioterapia não vai funcionar se você comer carboidratos”
“Até o momento, não existem evidências científicas suficientes que confirmem que cortar carboidratos ajuda a ‘matar o tumor’ em humanos”, diz o texto da cartilha… Isso porque de acordo com o documento apresentado pelo Inca, alguns estudos feitos com amostras celulares e animais apontam que a restrição de glicose pode reduzir o crescimento de tumores. O que não quer dizer que esses achados são verdadeiros, pois precisam ser validados em pesquisas feitas com pessoas.
3. “Proteína animal deve ser cortada, porque alimenta o tumor”
Essa é outra afirmação trazida na cartilha que não tem fundamento, e o Inca explica porquê: as proteínas são essenciais para a formação de novas células, além de participarem do transporte de substâncias no sangue, da produção de hormônios e, claro, da construção dos músculos – que, como já vimos, são importantíssimos para quem busca se curar de um câncer.
O tratamento dessa doença propicia a perda muscular, o que pode, além de piorar a reação aos remédios, limitar outras atividades do dia a dia do paciente. Sem músculos saudáveis, podem surgir outros problemas como: para sentar, levantar, caminhar, por exemplo.
Então, para garantir o aporte necessário, é importante pedir orientações a um nutricionista. As proteínas podem ser tanto vegetais, como as encontradas nas leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha), quanto de origem animal, nas carnes e em ovos, queijos, leite, por exemplo.
4. “Cogumelo-do-sol, noni, graviola, chá de graviola, chá-verde curam o câncer”
O documento do Inca é categórico e claro: “não existem alimentos que, milagrosamente, curam o câncer”. O que existem são evidências de pesquisas de que uma alimentação balanceada, natural e diversificada garante uma boa saúde, prevenindo, entre outras coisas, o câncer: “quanto mais colorida for a sua alimentação, mais fortalecidas estarão as defesas do seu corpo e menores serão as chances de prejuízos no seu estado nutricional durante o tratamento”, traz o texto.
Devemos ainda lembrar que há fatores como herança genética, estilo de vida e hábitos, como o tabagismo, que devem ser considerados. Com isso, levar uma vida saudável em todos os aspectos ou seja, para além da alimentação, é a melhor maneira de evitar doenças sérias e também de combatê-las.
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Informações Revista Super Interessante