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50 anos após primeira cirurgia, 72% dos pacientes que recebem novo coração vivem ao menos 5 anos

O primeiro transplante de coração, há 50 anos atrás, foi realizado com o paciente Louis Washkansky, de 54 anos, com o cirurgião sul-africano Cristiaan Barnard . A operação durou o total de cinco horas e envolveu um time de 30 pessoas. Louis usou o coração de Denise Darvall, uma jovem de 25 anos que sofrera morte cerebral após um acidente de carro. Infelizmente, Washkansky sobreviveu por 18 dias antes de morrer de pneumonia, efeito colateral das drogas imunodepressivas que tomou para mitigar os riscos de rejeição do novo coração.

Agora, 50 anos depois, só em 2016 já foram realizados 6 mil transplantes de coração em todo o mundo, segundo dados do Observatório Global de Doação e Transplante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 72% dos pacientes que recebem um novo coração vivem, pelo menos, cinco anos, e 20% alcançam a marca de 20 anos.

Ainda que o primeiro transplante tenha feito história, grande parte das pesquisas sobre o transplante de coração foi conduzida por médicos norte-americanos, que aperfeiçoaram as técnicas por meio de testes. E a primeira cirurgia utilizou muitos dos aprendizados gerados por essas pesquisas.

O Brasil vem em terceiro (357), seguido pela Alemanha e a Espanha. Ironicamente, a África do Sul aparece bem atrás no ranking, com apenas 14 cirurgias.

Não é impressionante, portanto, que os Estados Unidos seja o país que lidera em número de transplantes de coração, tendo realizado 3.209 cirurgias do tipo em 2016, bem à frente da França, que aparece em segundo lugar, com 490 procedimentos.

Riscos 

Os dois maiores riscos para os transplantados são: a rejeição do órgão pelo corpo, e infecções causadas por medicamentos que controlam as respostas do sistema imunológico ao novo coração. Para se ter ideia, uma em cada três mortes de pacientes no primeiro ano de cirurgia são causadas por infecções.

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Transplantes de outros órgãos

O coração não foi o primeiro órgão a ser transplantado. Em 1954, o médico norte-americano Joseph E. Murray fez o primeiro transplante bem-sucedido de rim da história. Em 2015 foram registrados 120.000 procedimentos destes realizados.

Fígado, pulmão e pâncreas são outros órgãos que têm sido transplantados com sucesso desde então. A dificuldade está na relação entre demanda e oferta de órgãos.

Mesmo nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que mais de 100 mil pessoas estejam na lista de espera e 20 morram todos os dias esperando receber um novo órgão.

A dramática discrepância entre oferta e demanda de órgãos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a oferta de órgãos para transplante cubra apenas 10% (sim, 10% só) da demanda global. Infelizmente, essa escassez possibilita um mercado clandestino de comercialização de órgãos a preços altíssimos- cera de US$ 200.000 por um rim, por exemplo. De acordo com um estudo da OMS, só em 2012, cerca de um entre oito transplantes de rins foi realizado ilegalmente.

O consenso para a doações de órgãos em caso de morte é um problema. Na Espanha, há uma política, considerada bem-sucedida, que exige que os indivíduos especifiquem que não querem doar em caso de morte. Com isso, o país apresenta atualmente a taxa mais elevada de doadores do mundo, um resultado também de campanhas de conscientização.

A Turquia lidera o número de doadores vivos. No Brasil, esse procedimento é proibido,  a não ser que haja parentesco em até 4º grau com o receptor. O objetivo é justamente evitar que indivíduos vendam os próprios órgãos para transplantes.

Inovações tecnológicas podem ajudar a reduzir essa discrepância. A criação de órgãos a partir de células-tronco, a impressão em 3D de órgãos e até o uso de órgãos geneticamente modificados de animais são algumas da iniciativas para combater.

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De qualquer forma, muita coisa mudou desde o primeiro passo dado por Christiaan Barnard, há 50 anos, não? E ainda há muito o que avançar!

Com informações BBC Brasil

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